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1. MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO EXPROPRIATÓRIO1.1. Breve esboço histórico             De  forma bastante enxuta, faço aqui um breve esboço histórico sobre o mandado de  segurança no direito pátrio e sua utilização em face do ato expropriatório,  apenas para que esse importante instituto ora empregado no presente trabalho  receba o devido valor que possui como arma da sociedade contra abusos de  autoridades municipais na expedição de decretos expropriatórios municipais  meramente vingativos. Afinal, na luta do povo contra os abusos perpetrados por  Chefes do Poder Executivo Municipal, o mandado de segurança é arma jurídica de  relevante importância. [...] Na verdade o mandado de segurança é um instrumento qualificador de direitos, de direitos protegidos ou nominados na ordem jurídica positiva constitucional. (SOBRINHO, 1976, p. 45). Como remédio constitucional o instituto do mandado de segurança foi introduzido com a Constituição Federal de 1934, precisamente por seu artigo 133, prevendo naquela ocasião apenas o mandado de segurança individual. No entanto, esse remédio jurídico não constou da Constituição Federal de 1937, sendo reintroduzido no ordenamento constitucional com a Constituição Federal de 1946 e mantida na Constituição Federal de 1967.             No  entanto, foi com Constituição Federal de 1988 que o mandado de segurança ganhou  digno tratamento. Isso se deu quando writ  of mandamus passou a proteger não apenas os direitos individuais, bem como  os direitos coletivos. Com o status que  foi conferido ao mandado de segurança pela Carta Política de 1988, vem à  doutrina de ponta lecionando que sua aplicação em favor das garantias  constitucionais não deve ser obstaculizadas, em privilégios de técnicas  processuais, que possam inibir e/ou tolher a grande eficácia que esse remédio  constitucional coloca a disposição de toda a sociedade.  No entanto, alguns mandados de segurança, são de logo indeferidos, sob a equivocada alegação de inexistência de prova pré-constituída. Entendo que essa posição adotada por certos magistrados merece ser revista, sobretudo ante o direito a proteção judiciária previsto nos termos do art. 5º, XXXV, da Constituição Federal de 1988. Ademais, o direito a propriedade é garantido por expresso dispositivo constitucional. [...] Entre nós, Ingo Sacarlet assinala como autênticas garantias institucionais no catálogo da nossa Constituição a garantia da propriedade (art. 5º, XXII), o direito de herança (art. XXX), o Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII), a língua nacional portuguesa (art. 13), os partidos políticos e sua autonomia (art. 17, caput, e § 1º). (MENDES, 2004, p. 5). 1.2. Direito amparável no mandado de segurança  [...] ressalte-se que quando se fala em ato ilegal, se  está dizendo ato contrário ao ordenamento jurídico, ou seja, não há de ser  amparado por mandado de segurança somente aquele ato que afronta a lei, mas  também o ato inconstitucional, porque seria absurdo limitar o conceito de  ilegalidade à lei infraconstitucional.  
 1.3.      Composição do ato  expropriatório e seu controle constitucional              O objetivo do controle difuso de  constitucionalidade visa apenas afastar a incidência de norma e/ou ato  administrativo praticado por autoridade pública, que se revistam de  inconstitucionalidade.                    O  controle difuso pode ser utilizado contra qualquer tipo de lei  infraconstitucional ou ato normativo que afronte a Constituição, seja  proveniente da União, dos Estados ou dos Municípios. Dessa forma, à anulação do ato expropriatório pode ser obtida por ação direta, nas mesmas condições em que a justiça invalida os demais atos administrativos ilegais. Com efeito, o Decreto-lei nº 3.365/41 refere-se à ação direta em sentido amplo, nos termos do seu art. 20, abrangendo, por conseguinte, as vias comuns e especiais, inclusive o mandado de segurança, tal seja a ofensa a direito líquido e certo do expropriado. 1.4. Do ato expropriatório ilgal             A  ilegalidade na desapropriação tanto pode ser formal quanto substancial, pois,  em certos casos, resulta da incompetência da autoridade ou da forma do ato, e  noutros provem do desvio de finalidade ou da ausência de utilidade pública ou  de interesse social, caracterizadora do abuso de poder. 1.5. A inconstitucionalidade do decreto expropriatório no âmbito recursal             Nos  tribunais, a inconstitucionalidade de lei ou ato administrativo normativo do  Poder Público só poderá ser declarada pelo voto da maioria absoluta de seus  membros ou dos membros do órgão especial, conforme preceitua o art. 97, da  Constituição Federal de 1988. [...] A fórmula adotada consagra in totum a jurisprudência do Supremo tribunal federal sobre a matéria, assentando a disponibilidade da submissão da questão constitucional ao tribunal pleno ou ao órgão especial na hipótese de o próprio Tribunal já ter dotado posição sobre o tema, ou, ainda, no caso de o plenário do Supremo Tribunal Federal já se ter pronunciado sobre a matéria. (MENDES, 2004, p. 255). 
                 Em tais situações, argüida a  questão inconstitucional, com a exceção das situações acima, o relator terá de  submetê-la à Turma ou à Câmara com competência para julgar o processo. Caso  seja acolhida a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo será lavrado  acórdão a fim de ser submetido ao Tribunal Pleno, nos termos do que preconiza o  art. 481, do Código de Processo Civil pátrio. No órgão fracionário, a  inconstitucionalidade poderá ser rejeitada por inadmissível ou improcedente.  Nesse sentido, o decreto municipal de desapropriação, na condição de ato  normativo do Poder Municipal poderá ensejar o controle de constitucionalidade  via mandado de segurança.  Apesar de adotar a posição da doutrina que entende a possibilidade do manuseio do mandado de segurança contra atos expropriatório, existe divergência doutrinária a respeito. Despautério e inconsistência jurídica, sobretudo, seria, em matéria de expropriação, impetração de medida judicial, como mandado de segurança, para impedir-lhe o procedimento expropriatório próprio, como decidem nossos tribunais. [CASTRO, 1999, p. 202]. 2. O DECRETO MUNICIPAL DE DESAPROPRIAÇÃO 2.1. Finalidades do decreto de desapropriação municipal É bem verdade que em regra a administração pública não desapropria bens dos particulares com o objetivo de aumentar o seu patrimônio, mas com o objetivo de utilizá-lo para fins de interesse e utilidade pública. Só assim, justificá-se o agressivo Decreto Desapropriatório, pois, o interesse coletivo deve prevalecer sobre o interesse particular. Portanto, pode-se dizer que a desapropriação, via Decreto de Desapropriação Municipal, é uma das modalidades de aquisição de bens pelo Município. 2.2. Do ato administrativo criador do decreto de desapropriação municipal A administração pública, no uso de suas prerrogativas, emite declarações que produz efeitos de direito, certificando, criando, extinguindo, transferindo, declarando, enfim, modificando direitos e obrigações. É, portanto, ato que produz declaração jurídica e que provém do estado, ou de quem esteja investido em prerrogativas de estado. No entanto, esses atos jurídicos, dentre eles o que nos interessa para o momento, o Decreto de Desapropriação Municipal, assim como todos os demais, sujeitam-se a exame de legitimidade pelo Poder Judiciário, que analisa e julga sua perfeição, validade e eficácia.             Ademais,  os casos e requisitos elementares que autorizam a desapropriação estão  previstos em numerus clausus, no art.  5º, XXIV, da Constituição de 5/10/1988 [SANTOS, 2001, p. 55]. Nesse sentido, através  de ato administrativo, o Poder Público utilizá-se do denominado Decreto  Municipal de Desapropriação, ou simplesmente Decreto de Desapropriação, que é  ato de competência privativa do Prefeito, na condição de Chefe do Poder  Executivo Municipal, para desapropriar bens de particulares, sob a  fundamentação legal de que o poder de expropriar concedido ao Poder Público é  oriundo da sua soberania sobre todas às coisas que se localizem em seu âmbito  de atuação, pois, o interesse coletivo se sobrepõe ao interesse particular. No  entanto, a Constituição Federal exige para a desapropriação os requisitos  alternativos de necessidade ou utilidade pública, ou a existência de interesse  social [MORAES, 2002, p. 267].  2.3. Da perfeição, validade e da eficácia do ato expropriatório O ato administrativo é uma declaração do Estado ou de quem o representa, que produz efeitos jurídicos mediatos, sujeita-se à lei e ao controle do Poder Judiciário [PIETRO, 2003]< www.tcm.sp.gov.br/legislacao/doutrina/29a03_10_03/4Maria_Silvia1.htm> O decreto de desapropriação municipal, na condição de ato administrativo, para ter existência válida no mundo jurídico faz-se necessário que seja revestido de perfeição, validade e eficácia. Pois, caso contrário, se encontrará eivado de nulidade passível de declaração pelo Poder Judiciário. Reputa-se perfeito o ato jurídico quando se encontram esgotadas todas as etapas necessárias a sua produção. A validade do ato jurídico consiste na sua existência com amparo no ordenamento normativo pátrio. No que diz respeito à eficácia do ato, tem-se que a mesma existirá sempre que a possibilidade da utilização prática para a produção dos seus efeitos para que foi criado estiver presente.             Por  essas razões, por ser o decreto administrativo um ato jurídico, vez que produz efeitos  jurídicos, o mesmo pode ser ilegal, por encontrar-se eivado de  inconstitucionalidade e/ou ilegalidades diversas. Quando assim se achar, o ato  administrativo poderá ser enfrentado via mandado de segurança. Isto porque o  nosso sistema normativo permite o controle difuso de constitucionalidade de lei  e de ato emanado de autoridade pública, bem como, o controle da legalidade do  ato administrativo. 
 
 
 3. DA INCONSTITUCIONALIDADE E DA ILEGALIDADE DO DECRETO EXPROPRIATÓRIO 3.1. Inconstitucionalidade do decreto municipal expropriatório O decreto municipal de desapropriação também poderá ter sido editado com flagrante inconstitucionalidade. Isto porque o decreto poderá ter infringido algum dispositivo constitucional garantidor de direitos e garantias individuais e coletivas, bem como, poderá mesmo estar em afronta direta a Lei Complementar. O regime jurídico da propriedade tem fundamento na Constituição [SILVA, 1991, p. 239]. Lamentavelmente, tem-se observado em vários Municípios, em períodos posteriores ao término das eleições, a prática de atos de perseguição e verdadeiras vinganças praticadas por Prefeitos eleitos não só em face de seus adversários políticos, mas também, dos amigos, parentes e correligionários dos adversários políticos. Como todo ato mesquinho e de cunho vingativo, invariavelmente temos observado que esses aludidos decretos municipais de desapropriações têm sido editados com flagrante inconstitucionalidade. Isso porque, em face de sua verdadeira intenção, são elaborados infringindo algum dispositivo constitucional garantidor de direitos e garantias individuais ou coletivas, bem como, mostram-se em afronta direta a Lei Complementar que regula dispositivo constitucional. Com efeito, é preceito de ordem constitucional, previsto no inciso XXIV, do art. 5º, da CF/88, que a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, se dará mediante justa e prévia indenização em dinheiro. Por sua vez, o § 3º, do art. 182, da CF/88, determina que as desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.             Posteriormente,  o art. 46, da Lei Complementar nº 101/2002, determinou ser nulo de pleno  direito ato de desapropriação de imóvel urbano expedido sem o atendimento do  disposto no § 3º, do art. 182, da Constituição, ou prévio depósito judicial do  valor da indenização. Assim, como os valores avaliados pelo Município nessas  desapropriações vingança são ridículos, de logo se percebe afronta a preceito  de ordem constitucional o que proporciona o imediato uso do mandado de  segurança, pois, nesses casos, facilmente se constata agressão à norma  constitucional.  Quanto ao art. 46 da LC  nº 101/2002, a doutrina tem sido firme ao afirmar a nulidade de decreto ao §  3º, do art. 182, da Constituição Federal de 1988.    3.2. Ilegalidade do ato expropriatório             Nenhuma  lei pode afrontar a Constituição Federal. Assim, também qualquer ato eivado de  inconstitucionalidade pode ser anulado pelo mandado de segurança. Pois, ato de  tal natureza configura desvio de poder e deve ser coartado pelo judiciário  através de meio eficaz, conforme também entende Celso Antônio Bandeira de Melo  [MELO, 1998, p. 597].  Com efeito, a  inconstitucionalidade do ato pode envolver a da lei que sirva de suporte ao ato  impugnado, criando problema jurídico de aplicação de um preceito  constitucional.  Passa a ser ilegal, portanto, o ato administrativo fundado em lei ordinária, que afronte a Constituição Federal. Como caracterizá-se abuso de poder, o ato que mesmo exercitado conforme a norma, fira o imperativo constitucional. No caso das desapropriações, tem-se que o princípio constitucional há de vir em harmonia com a norma legal. Efetivamente, é nos termos da lei e da Constituição que se exerce o poder de expropriar. Na sua aplicabilidade, a lei não se permite atingir o preceito constitucional. Na hipótese expropriatória o dispositivo constitucional, diretamente, mesmo acautelando o interesse público, impõe condições que não admitem providências prejudiciais ou não legitimadas. O fato é que à questão da legalidade, como por todos sabido, é condição imposta aos atos administrativos, inclusive o poder de regulamentar. Dos atos internos, não surgem direitos para os administrados, mas dos externos sim, quando afrontam a Constituição e a legislação vigente. Dessa forma, tanto no procedimento administrativo como no ato dele decorrente, o que se visa é assegurar o cumprimento da lei, nunca a infração ao texto legal aplicável a espécie. Como princípio de direito para efetivar a regularidade do ato administrativo tem-se que sua validade só ocorrerá se o ato for praticado com suporte em norma legal, definida e qualificada na espécie. Dessa forma, não basta apenas à vontade, embora válida diante dos pressupostos de interesse público, porque a vontade estatal se exterioriza mediante o uso das normas legais, e isto para que não haja erro, violência ou dolo. É bem verdade que pode ocorrer contradição entre normas de diferentes hierarquias, uma lei contrária à Constituição, um regulamento contrário a uma lei, mas o conflito não altera o princípio da legalidade desde quando está presente o mandamento constitucional, como no caso in concreto das desapropriações municipais.             Para  o mérito, na legalidade, há de vir o ato administrativo expropriatório  afiançado pelos seguintes elementos: b) um motivo que dê sentido ao interesse público e atende as regras estabelecidas pelo legislador. Dessa forma, tem-se que o objeto e também o motivo foi uma das grandes conquistas reais do direito público moderno, pois, por falta de objeto (fim) ou de motivo (interesse), ambos os elementos estariam divorciados, levando ao abuso da discricionariedade administrativa, ou ao abuso de poder já visto acima. 3.3. Elementos que anulam o ato expropriatório  O fato é que como o Decreto Municipal de Desapropriação também é um ato jurídico, o mesmo pode ser anulado como todo e qualquer ato jurídico, mormente quando se revestir de uma dessas condições acima. 3.4. Abuso de poder no decreto de desapropriação A garantia contra o abuso de poder quem fornece a sociedade é a própria Constituição da República, precisamente em seu art. 5º, inciso LXIX, quando diz: conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por hábeas corpus ou hábeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Portanto, para o legislador constituinte a Administração Pública Municipal não escapa de exercitar-se de modo discricionário. Ora, o abuso de poder praticado por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público, se reveste na verdade em excesso no exercício da sua competência, e, portanto, desborda da norma legal, chegando a agredir direitos individuais garantidos pela Constituição ou leis infraconstitucionais, ensejando, por conseguinte, a intervenção do Poder Judiciário para corrigir o abuso praticado. Em se tratando de Decreto Municipal de Desapropriação, indo a Administração Pública do Município além do que lhe dá a norma legal, ou do que lhe faculta a lei, tanto o objeto como o motivo, tornam-se discutíveis, e na prática a legalidade se desvia das suas regras que são rígidas para atingir uma área de conflito entre direitos, onde o particular tem a seu favor a Constituição Federal e a Administração apenas à vontade pessoal do Prefeito, embora prevaleçam razões determinantes de interesse público, nesses casos típicos, ressalta o interesse pessoal do Chefe do Executivo Municipal em detrimento do erário. Há que se perquirir: A quem recorrer quando o Poder Público Municipal resolve, contrariando frontalmente a lei, desapropriar para instalar repartição pública, tirando do administrado um patrimônio que é o seu lar? Desapropriar uma Fazenda em Zona Rural que não integra o plano diretor do Município, sob alegação de construção de casa popular, quando o Município dispõe de Loteamentos próprios? Quando o Prefeito desapropria imóvel de parente seu por preço excessivamente acima ao preço de mercado? Tem-se ou não nesses casos caracterizado abuso de poder e ilegalidades? Acontece, ou não, desvio de finalidade? E onde se pode vislumbrar o interesse público configurado? Em casos dessa natureza, onde se atingem situações jurídicas objetivas e se atenta contra o direito individual de propriedade, por mero ato mesquinho de perseguição política, ou ambições criminosas do Prefeito, o que há evidentemente é abuso de poder, e não se poderia deixar o Poder Judiciário sem competência para exame do ato declaratório, especialmente, para apreciar o mandado de segurança.             Com  efeito, quando se observa desvio de poder praticado por autoridade pública ou por quem estiver fazendo às vezes, há  necessariamente nesse ato o abuso de  poder, pois, o que vale é o fato em si contra a determinação da lei. O que  importa é o ato em si desvinculado das concretas hipóteses legais  expropriatórias. Fato e ato ofensivos e que se conflitam com a lei ou com  princípios constitucionais, revestem-se de abuso de poder.     3.5. A forma da norma do ato expropriatório Tem-se então, ser o ato administrativo expropriatório sujeito à forma da norma, quanto a sua validade, juridicidade, legitimidade ou legalidade, pois, o ato administrativo deve constituir-se de forma adequada à lei e à norma, sem ferir a Constituição. O ato, na execução, perfeito nos seus elementos básicos, o ato, na origem, fundado na forma da norma legal. [...] Não há quem não saiba que os atos de vontade nos sistemas de garantias jurídicas são atos dependentes da lei e da forma da norma, pressupõem uma atividade que se origina da noção de direito, ou melhor, da ciência jurídica quando sustenta realisticamente que não pode haver normas sem direitos subjetivos correspondentes. (SOBRINHO, 1976, p. 100). O que se deve então, entender como forma da norma? Pode-se dizer de forma sumária que a forma da norma decorre de um conceito universal dos direito internos. Por lógico, traz um imperativo, que é de conteúdo e fim, prescrevendo para a ação quando administrativa, limites cuja observância traduz legalidade. Cumprindo uma operação que vai da vontade à prática obrigatória, da intenção à finalidade consentida. De fato, para que a norma jurídica na sua forma mais comum que é a do ato público-administrativo, possa fazer se valer de acordo com o direito necessita de suporte na ordem jurídica, de uma maneira de ser exterior que não se conflite com a sua estrutura ou composição, ofertando ao observador a indispensável harmonia entre os elementos que ligam a pretensão administrativa à finalidade de efeitos jurídicos. Não só a vontade que compreende tanto a intenção como o fim, incide nos elementos constitutivos que compõem o ato administrativo, dando ao mesmo, para sua validade, a forma que a norma prevê, pois, o objeto do ato aparece predeterminado pela norma, ou seja, estruturado por uma espécie de requisitos cuja ausência de um pode acarretar a invalidez. O indispensável, na forma da norma, é que esteja conforme o direito objetivo. 3.6. Decreto expropriatório em  face dos princípios básicos da administração     Isso implica  repetir que o controle dos atos administrativos não escapa ao controle  jurisdicional e que por isso, todo ato eivado de ilegalidade, por certo que  também é inconstitucional. Por tais razões, os Decretos de Desapropriações  expedidos pelo Poder Executivo do Município devem obedecer aos seguintes princípios  básicos da administração: princípio da impessoalidade; da moralidade e da  eficiência, conforme preceitua o art. 37, da Constituição Federal de 1988. 4. CONCLUSÃO: A PROBLEMÁTICA DO VERDADEIRO INTERESSE PÚBLICO NOS DECRETOS MUNICIPAIS DE DESAPROPRIAÇÃO E A VONTADE PESSOAL E ILÍCITA DO PREFEITO De todo o exposto pode-se concluir que no choque impetuoso de interesses entre a coisa pública e a particular, deve prevalecer o interesse público, quando realmente o interesse público for à causa do ato administrativo expropriatório. Isso porque, é plenamente aceitável uma expropriação onde os preceitos legais são respeitados plenamente, e, realmente, impera a necessidade pública. Agora, exagero  é fazer vista grossa a um mal que cada vez mais se mostra evidente e que mina à  credibilidade da sistemática jurídica do Brasil, tipo as denominadas por nós de  desapropriação vingança e desapropriação golpe, perpetradas por Prefeitos  contra seus desafetos políticos, ou para levar ao enriquecimento ilícito  parentes, via super valorização do bem desapropriado, em prejuízo ao erário  municipal e totalmente discrepante ao interesse público. Não podemos olvidar  que nunca haverá virtude num gesto que destrói uma virtude!   No esforço de proporcionar o remédio célere que só o writ é capaz para casos da espécie, entendo que deva ser mitigada a questão da prova pré-constituída em se tratando de ato expropriatório, vez que o silêncio da autoridade apontada como coatora leva a que os fatos se tornem incontroversos, restando apenas, a apreciação da agressão à norma legal. A falta de observância por parte de alguns julgadores quanto a essa questão tem levado operadores do direito a utilizar o rito processual ordinário, o que certamente, não detém o mesmo sentido de celeridade do writ of mandamus. De qualquer forma, entendo que em qualquer dessas situações acima apontadas quando praticadas por autoridades públicas contra particulares em afronta a preceito de ordem constitucional ou infraconstitucional, se terá no mandado de segurança o remédio jurídico heróico adequado para sanar o terrível mal, assim como foi desde o seu surgimento no direito pátrio. REFERÊNCIAS 
 AGRA, Walber de Moura. Manual de Direito Constitucional, São  Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005.  
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